A economia mexicana poderá registar um crescimento de cerca de 1,5% no próximo ano se duas condições forem cumpridas: que o Plano México se materialize e na medida em que o acordo comercial com os Estados Unidos e Canadá (TMEC) avance, mesmo com tarifas, advertiu o vice-presidente e co-diretor de investimentos da administradora de fundos Franklin Templeton, Ramsé Gutiérrez.
De acordo com ele, as exportações foram o fator que "meio salvou" a economia mexicana "do desastre" em 2025. Esse tem sido o tema que evitou uma maior deterioração no desempenho do PIB mexicano este ano.
Por isso, considera que para 2026, seria necessário resolver primeiro a incerteza sobre o tema comercial com os Estados Unidos e depois encontrar vias para consolidar os investimentos locais.
Ao participar na conferência sobre o Panorama económico e de mercados para 2026, organizada pela administradora de fundos, reconheceu o maior entendimento que parece estar a surgir entre esta administração e a iniciativa privada. No entanto, comentou que são necessários sinais claros de avanço entre as boas intenções do governo e a resposta da iniciativa privada, o que desbloquearia os investimentos locais.
O executivo reconheceu que este primeiro ano de governo foi perdido para a atividade económica.
"Não veio um impulso do lado do consumo, nem do lado do investimento privado, devido à incerteza; nem do governo devido à restrição fiscal. Foi o setor exportador a salvaguarda da economia mexicana este ano e é o que meio vai ajudar em 2026 também", sublinhou.
Na mesma conferência participou o vice-presidente Luis Gonzali, que acrescentou que nas expectativas para 2026, também se tem de incorporar o desempenho da economia dos Estados Unidos, que por agora está a mostrar a possibilidade de uma desaceleração.
Gonzali acrescentou que naquela economia pesa o risco de uma deterioração no panorama inflacionário e que será necessário estar atento à resposta da Fed, que operará com "um Presidente na sombra", pois o cargo de Jerome Powell termina em maio e o secretário do Tesouro já antecipou que será antes do Natal, quando se divulgará o nome do substituto que aponta para Kevin Hasset.
Os especialistas esclareceram que não costumam dar previsões pontuais para os indicadores. Explicaram que em 2025, o investimento fixo bruto definitivamente não cresceu perante a incerteza externa e doméstica.
Gutiérrez destacou que no próximo ano não se contará com o suporte que representou o consumo após a pandemia, perante a deterioração do poder de compra das remessas.
Pois tal como explicou Gonzali, o endurecimento da política migratória nos Estados Unidos continuará a dificultar a possibilidade de os trabalhadores mexicanos enviarem remessas e continuará a desencorajar as travessias de migrantes.
De acordo com Gutiérrez, as remessas não só estão a desacelerar em dólares, mas este 2025 será o terceiro ano consecutivo em que cai o seu poder de compra, o que também continuará a travar o consumo.
Para ilustrá-lo, comparou o comportamento anual ajustado pela inflação. Segundo os seus dados, em 2023, houve uma queda de 11,8% anual no poder de compra das remessas; em 2024 apresentou-se um avanço nulo e em 2025, será uma nova queda de 2 por cento.
O responsável pela Direção de Estatísticas Económicas e o Fórum de Remessas da América Latina do Centro de Estudos Monetários Latino-americanos, Jesús Cervantes González, explicou à parte que para as famílias, a perda do poder de compra das remessas é muito relevante, já que é o que lhes permite comprar no país de origem.


