Nunes aciona Aneel e cobra Enel por novo apagão em São Paulo

A gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta 4ª feira (10.dez.2025) que recorrerá à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para formalizar reclamações contra a Enel por causa do novo apagão na capital.

A cidade tinha 1,5 milhão de imóveis no escuro às 19h50. Contando com os outros municípios da região metropolitana, o número de clientes no escuro chegava a 2,2 milhões.

A PGM (Procuradoria Geral do Município) enviou um documento em que pede explicações, em até 48 horas, sobre o motivo de parte da frota da Enel não ter sido utilizada no atendimento emergencial.

O texto afirma que “somente uma fração reduzida de veículos de atendimento circula nas ruas”, apesar da dimensão do apagão. A prefeitura também quer justificativas sobre a demora no restabelecimento do serviço e quais medidas foram adotadas para evitar o prolongamento das interrupções.

Na madrugada, a capital foi atingida por um ciclone extratropical vindo da região Sul. Os ventos chegaram a quase 100 km/h. Houve mais de 500 chamados para queda de árvores.

Em nota, a Enel afirmou ter acionado 1.300 equipes para restabelecer o fornecimento de energia elétrica para os clientes atingidos na região metropolitana.

Histórico de disputa

A notificação da prefeitura repete episódios anteriores, como os registrados em novembro de 2023 e outubro de 2024. Nas duas ocasiões, a gestão Nunes apontou lentidão na recomposição do fornecimento e a capacidade operacional da Enel.

A distribuidora nega inoperância. Diz que mantém frotas maiores nas bases para evitar atrasos na troca de turnos e que “todos os veículos são preparados e equipados” antes de cada entrada de equipe em campo.

O diretor de operações da Enel SP, , afirmou que os desligamentos foram provocados pelas fortes rajadas de vento. Objetos arremessados na rede, árvores caídas e galhos lançados sobre cabos causaram curto-circuitos e danos em postes.

A prefeitura mantém uma ação na Justiça contra a renovação da concessão da Enel, alegando falhas recorrentes no serviço, especialmente em períodos de chuva. O tempo médio sem energia por cliente na capital triplicou em 10 anos, passando de cerca de 7 horas por ano em 2021 para quase 22 horas em 2024.

O tema também está sob análise no TCU (Tribunal de Contas da União). Técnicos recomendaram que a Aneel avalie uma eventual intervenção caso a empresa não comprove capacidade de manter desempenho adequado em eventos climáticos severos.

Impacto regional

Na Grande São Paulo, cidades tiveram quedas generalizadas de energia. Segundo balanços de Defesa Civil e da Enel, municípios como Embu-Guaçu, Cotia, Jandira e Taboão da Serra registraram interrupções superiores a 50%.

O desabastecimento elétrico também afetou o fornecimento de água, segundo a Sabesp, por impedir o bombeamento para regiões da capital e para cidades do entorno.

Eis a íntegra do posicionamento da Enel SP:

“A Enel Distribuição São Paulo informa que a área de concessão segue sendo afetada por fortes rajadas de vento desde a madrugada, com a entrada de um ciclone extratropical pelo Sul do País. Por causa dos ventos, em alguns pontos a rede elétrica é atingida por objetos e galhos, o que prejudica o fornecimento, além da queda de árvores. Nesta quarta-feira (10/12), em São Paulo, a velocidade dos ventos chegou a 98 km/h, segundo a Defesa Civil. O Corpo de Bombeiros informou ter recebido 514 chamados para queda de árvores na manhã de hoje.

“A distribuidora mobilizou e reforçou antecipadamente seu quadro em campo e, ao longo do dia, 1.300 equipes atuam para restabelecer o fornecimento de energia para cerca de 2 milhões de clientes.

“Em caso de falta de luz, a companhia orienta que os clientes priorizem os canais digitais para agilizar o atendimento:
– Site: www.enel.com.br
– Aplicativo Enel São Paulo: disponível para iOS e Android
– WhatsApp (Elena): (21) 99601-9608
– Central de Atendimento (0800 72 72 196).”