O senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) apresentou nesta 2ª feira (15.dez.2025) uma representação ao TCU (Tribunal de Contas da União) para apurar possível favorecimento indevido, conflito de interesses e uso irregular da estrutura do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) envolvendo Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do presidente da República. Eis a íntegra (PDF – 662 kB)
No documento, o senador pede que o tribunal receba a representação e determine a instauração de auditoria no INSS e no Ministério da Previdência Social. Também solicita que, ao fim das apurações, sejam adotadas medidas de responsabilização contra eventuais gestores públicos omissos ou coniventes.
Flávio requer ainda que o TCU examine eventual responsabilidade direta ou indireta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em razão do vínculo familiar com Lulinha. Segundo o senador, a proximidade com o chefe do Poder Executivo ampliaria o risco de influência indevida sobre a administração da autarquia previdenciária.
A representação cita informações divulgadas pela imprensa sobre contatos entre Lulinha e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador de um esquema de irregularidades envolvendo benefícios previdenciários. Em reportagem, o Poder360 revelou haver indícios de que o filho do presidente recebia uma espécie de “mesada”, de cerca de R$ 300.000,00, do Careca do INSS.
Segundo o documento apresentado por Flávio, há relatos de valores acumulados elevados ao longo do tempo, sem a existência de vínculo contratual formal conhecido. A representação menciona ainda indícios de que o filho do presidente teria atuado como sócio oculto em empresas ligadas ao investigado, hipótese que, segundo Flávio, reforçaria a necessidade de apuração pelo órgão de controle.
A este jornal digital, o ex-advogado de Lulinha, Marco Aurélio Carvalho, disse, à época da publicação da reportagem, em 4 de dezembro, que “a acusação é absolutamente pirotécnica e improvável” e que seria “mais uma tentativa de desgastar a imagem de Fábio Luís”.
O pedido de Flávio também inclui a apuração de eventuais vínculos contratuais, parcerias ou transferências públicas que possam ter beneficiado, direta ou indiretamente, pessoas físicas ou jurídicas ligadas aos envolvidos. O senador afirma que a ausência de justificativa para essas relações pode indicar uso indevido da máquina pública e pede que a auditoria verifique a regularidade de atos administrativos que coincidam com os períodos desses contatos, como nomeações, exonerações, convênios e repasses.
Outro ponto da representação é a atuação de entidades sindicais. O senador solicita que o TCU analise a atuação do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), do qual José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula, é vice-presidente. O objetivo é verificar se houve uso político ou desvirtuado da estrutura sindical em conexão com o INSS.
A iniciativa ocorre após derrotas da oposição na CPI do INSS. Em 4 de dezembro, por 12 votos a 9, a comissão rejeitou a convocação de Lulinha para prestar depoimento. Em 16 de outubro, o colegiado também havia rejeitado a convocação de Frei Chico.


