‘Resiliência’ é uma palavra usada e abusada – ainda mais nos relatórios de bancos e gestoras da Faria Lima. Mas é um termo inescapável para descrever a economia chinesa – que continua desafiando todos os vaticínios de ruína.
O país nem se abalou com o tarifaço de Donald Trump. Encontrou novos clientes e acumulou no ano um superávit comercial de US$ 1 trilhão, e deverá entrar em 2026 mais forte do que estava no início de 2025.
Não há evidências de que não será atingida a meta oficial de entregar um crescimento do PIB “em torno de 5%.” Essa é uma das conclusões das economistas Gabrielle Garcia e Laura Pitta, do Itaú BBA, em uma apresentação na qual analisam 10 dos temas mais relevantes para o desempenho do país no próximo ano.
Para as analistas, o Governo não demonstra urgência em incentivar o consumo interno, e as políticas deverão continuar priorizando a conquista de mercados externos e o investimento em infraestrutura.
A seguir, um resumo dos tópicos.
Embora os indicadores sejam muitas vezes considerados pouco confiáveis, o Governo da China costuma entregar o que promete em termos de crescimento econômico. Para as economistas do Itaú, não há sinais de uma piora na qualidade dos dados. Os modelos indicam manutenção da atividade dentro do previsto, atingindo crescimento “em torno de 5%” – dentro da meta oficial.
A fraqueza recente parece estar associada a um provável ajuste estatístico e não reflete ainda políticas de redução de capacidade em alguns setores.
A alta recente do PPI (Índice de Preços ao Produtor) não sinaliza necessariamente o fim da deflação. O excesso de capacidade industrial – como a consequente guerra de preços – continua sendo a principal pressão deflacionária. Os aumentos recentes não foram observados em setores que estão na mira das medidas contra o excesso de produção de mercadorias.
Em 2022, no pós-pandemia, a China chegou a rodar com 100% de utilização da capacidade instalada. Agora este percentual está em torno de 75%.
O modelo chinês de incentivo às importações mantém a importação de commodities em alta, o que explica também, em parte, a inflação mais alta no atacado.
Em termos. O ajuste entre oferta e demanda segue em curso e deverá ser concluído em 2027. Os indicadores de vendas, construção e preços tiveram uma piora nos dois últimos trimestres. Espera-se um ano fraco em 2026. Mas, com o ajuste se aproximando do fim, a implementação de medidas governamentais para o setor deverá continuar limitada.
O tarifaço de Donald Trump não abalou a máquina exportadora chinesa – cujos produtos perderam espaço nos EUA mas inundaram outros mercados.
As exportações devem continuar fortes em 2026, sustentadas pelo crescimento global acima de 3%.
Dados de alta frequência, como pedidos de exportação e fluxo de portos, não indicam um impacto das tarifas sobre as exportações.
6. Atividade: Haverá estímulos adicionais?
A resiliência das exportações reduzirá a necessidade de o Governo empregar novos incentivos em 2026, ao contrário do que ocorreu nos últimos três anos.
A despeito de pressões internacionais para os chineses calibrarem o seu modelo de crescimento, o Governo não demonstra urgência em conceder grandes incentivos para o consumo interno. Deverá manter a preferência pelos motores das exportações e do investimento interno em infraestrutura.
A China mantém domínio na produção, refino e tecnologia de terras raras, dificultando a competição ocidental no curto prazo. Projetos em outros países possuem baixa viabilidade financeira e levam até 15 anos para serem concluídos.
China e EUA dominam os investimentos, mas a China ainda depende de chips avançados e o impacto no PIB é, por ora, mais claro nos EUA.
Houve um fortalecimento da moeda chinesa nos últimos meses, com a cotação do dólar recuando para 7,04 yuans. Mas há quase três anos não fica abaixo de 7 yuans. Uma apreciação mais expressiva é improvável sem um novo motor de crescimento interno.
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