A corretora Ativa Investimentos aposta em uma nova vertical de negócios que combina a oferta de serviços financeiros e tecnológicos, de olho em atender novos entrantes no mercado, como fintechs brasileiras e estrangeiras.
Segundo a diretora Juliana Figueiredo, a nova área já nasce com cerca de dez parceiros B2B, incluindo a fintech britânica Revolut, avaliada recentemente em US$ 75 bilhões em uma rodada de investimentos e que têm buscado expandir sua atuação internacional.
O objetivo é ajudar empresas que precisem atender às exigências do mercado brasileiro, com uma solução “as a service” que, segundo a executiva, pode ser implementada com maior velocidade do que se buscadas por conta própria.
“Sabemos qual é a dificuldade no Brasil – e em qualquer país – de obter uma licença regulatória. A velocidade das fintechs não combina com essa morosidade dos processos de certificação, credenciamento etc.”, disse Juliana Figueiredo em entrevista à Bloomberg Línea.
“Nós fazemos justamente essa ponte com novos entrantes, que querem entrar ou avançar no mercado e precisam não só de uma salvaguarda de tecnologia mas também regulatória”, disse em termos gerais, sem citar casos específicos.
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De acordo com ela, entre os serviços oferecidos de modo geral estão soluções de onboarding, know your client (identificação e verificação), definição de perfil de risco e prevenção à lavagem de dinheiro, além de custódia.
A executiva disse avaliar que a oferta desse tipo de serviço não é exatamente uma novidade no mercado e que a própria Ativa já atuava indiretamente com ofertas semelhantes individualmente para alguns clientes.
O desafio, porém, foi desenvolver uma solução que pudesse ser adotada por uma variedade maior de empresas, sem a necessidade de desenvolver um produto hiperpersonalizado para cada cliente, e que pudesse se tornar uma nova vertical.
“Às vezes a necessidade é tão pontual, tão específica, que você acaba tendo que desenvolver um produto do zero. Eu precisava de uma tecnologia robusta para que não acabasse prejudicando o time to market do cliente”, disse ela.
Boa parte do investimento para criar a vertical foi aplicado no desenvolvimento da tecnologia, segundo a executiva, sem citar valores específicos.
Apesar de o mercado brasileiro já ser atendido por uma ampla variedade de fintechs, a executiva disse que vê oportunidade para crescer atendendo outras empresas que ainda estão em fases iniciais de entrada no mercado.
Entre elas, empresas que atuam com investimentos alternativos ou digitais - como criptomoedas no segundo caso.
A executiva disse que a nova regulamentação do Banco Central sobre prestadoras de serviços de ativos virtuais – como criptoativos – abre uma frente de negócios, uma vez que pode despertar o interesse de outras empresas internacionais no mercado brasileiro.
“Lá atrás, falávamos só de títulos e valores imobiliários. Hoje estamos falando de tokenização, stablecoins, ativos virtuais. Temos muitas oportunidades nesse segmento”, afirmou.
Para se diferenciar, a Ativa aposta em sua experiência de 40 anos como corretora independente, uma das remanescentes no mercado – ou seja, não é ligada a nenhum grande grupo econômico no setor financeiro –, o que, segundo ela, dá segurança aos clientes e evita potenciais conflitos de interesse.
Além disso, a executiva ressaltou a experiência da Ativa em implementar as soluções de infraestrutura e adaptadas às exigências regulatórias, o que ela descreveu como uma prática de “chão de fábrica”.
“Às vezes, você - como empresa - tem situações regulatórias e vai ao escritório de advocacia, que entende muito da técnica, da parte acadêmica, jurisprudencial etc. Só que, para a parte prática, a empresa precisa de um ‘chão de fábrica’, que é o que oferecemos aqui”, afirmou sobre as necessidades.
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