Uniswap vai queimar US$ 600 milhões em tokens UNI — O que isso significa para o mercado?

• Queima bilionária reforça valor do UNI
• Nova taxa muda incentivos da Uniswap
• Comunidade apoia alteração histórica no protocolo

A Uniswap DAO decidiu no dia de Natal ativar o aguardado interruptor de taxas, movimento que muda a forma como o token UNI captura valor no ecossistema. A votação encerrou anos de debates e cria um novo capítulo para um dos protocolos mais influentes do setor.

A decisão estabelece que parte da receita da Uniswap deixará de ir totalmente aos provedores de liquidez, passando a reforçar o valor do UNI. O mercado recebeu a notícia com forte atenção, já que a mudança ocorre após longas hesitações da liderança diante de possíveis pressões regulatórias.

A mudança que os investidores esperavam

A Uniswap se consolidou como a maior DEX da Ethereum e hoje opera em 39 blockchains, processando mais de US$ 60 bilhões em volume nos últimos 30 dias. Mesmo assim, o UNI nunca teve mecanismos claros de captura de valor, o que gerava frustração entre investidores.

A proposta chamada UNIfication virou esse jogo. Ela ativa a mudança de taxas, elimina 100 milhões de UNI, encerra a cobrança de taxas na interface da Uniswap e inicia o processo de fechamento da Fundação Uniswap. A comunidade aprovou quase por unanimidade.

Em vez de enviar receitas diretamente aos detentores de UNI, o modelo usa um cofre de tokens. Os holders poderão queimar seus UNI e receber, em troca, criptomoedas acumuladas no cofre. Essa dinâmica reduz a oferta e pode elevar o preço dos tokens restantes.

A destruição dos 100 milhões de UNI, equivalente a US$ 600 milhões, seria o valor queimado se o modelo existisse desde a criação do protocolo.

Como o novo sistema mexe com taxas e incentivos

Hoje, os provedores de liquidez recebem parte das taxas de cada swap. Nos últimos 30 dias, usuários pagaram mais de US$ 50 milhões em taxas de swap, de acordo com dados da DefiLlama. O novo modelo mantém essas tarifas, mas direciona entre 25% e 16% delas para o contrato conhecido como token jar.

Quem decidir queimar UNI usando o contrato fire pit, poderá sacar criptomoedas equivalentes do token jar. Essa mecânica introduz um incentivo direto ligado ao sucesso do protocolo.

Para equilibrar os interesses, a DAO aprovou o desenvolvimento de um leilão de desconto de taxas de protocolo, que capturará MEV e criará uma receita adicional. A ativação do novo sistema começa pelos pools da Uniswap v2 e v3, responsáveis por até 95% das taxas atuais na rede principal da Ethereum. As demais redes votarão mais tarde.

Além disso, os eleitores aprovaram o encerramento da Uniswap Foundation. Parte dos funcionários migrará para a Uniswap Labs, que assumirá funções de apoio ao ecossistema, governança e relações com desenvolvedores. Além disso, o programa de doações de US$ 100 milhões seguirá temporariamente ativo até a extinção total da Fundação.

Enquanto isso, a Uniswap Labs deixará de cobrar taxas de suas interfaces, facilitando o acesso de usuários que não dominam ferramentas avançadas.

No conjunto, a decisão coloca o UNI no centro do modelo econômico do protocolo e reacende discussões sobre como grandes DAOs podem reinventar suas estruturas.

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