A infraestrutura digital foi um dos grandes destinos de recursos ao longo deste ano. E, no apagar das luzes de 2025, o segmento está perto de reforçar esse protagonismo com um acordo envolvendo um grande nome do setor e um dos gigantes globais de investimentos.

Quem parece disposto a acrescentar novos dígitos a essa conta é o Softbank. Liderado por Masayoshi Son, o conglomerado japonês tem negociações avançadas para comprar a DigitalBridge, gestora de private equity especializada em ativos como data centers.

As informações sobre essas conversas foram divulgadas pela agência Bloomberg, que citou fontes próximas às tratativas. Os termos da transação, que pode ser fechada ainda hoje, não foram divulgados. Mas a possibilidade de um acordo turbinou as ações da DigitalBridge na Bolsa de Nova York (NYSE).

Os papéis da companhia registraram alta de mais de 30% no pre-market da bolsa de valores americana na manhã desta segunda-feira, 29 de dezembro. No ano, as ações acumulam uma valorização de 63,4%, dando à DigitalBridge um valor de mercado de US$ 2,71 bilhões.

Essa não seria a primeira vez que o Softbank faria uma aquisição no mundo da gestão de ativos. Em 2017, o Softbank adquiriu o Fortress Investment Group, por mais de US$ 3 bilhões. Posteriormente, o grupo vendeu sua fatia na operação para o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi.

Agora, a compra da DigitalBridge se encaixaria na estratégia da gigante japonesa de tentar capitalizar a crescente demanda por capacidade computacional, na esteira das aplicações de inteligência artificial. E que vem se traduzindo, principalmente, em uma onda de investimentos em data centers.

O próprio Softbank é um dos nomes por trás desses investimentos. Em janeiro, a empresa, juntamente com a Oracle e a OpenAI, anunciaram a criação da Stargate, um projeto para a construção de centros de dados nos Estados Unidos, com um investimento projetado de US$ 500 bilhões.

À parte dessa ambição, que incluiu uma promessa de Son de investir US$ 100 bilhões já na largada da iniciativa, o desenvolvimento do projeto tem sido mais lento do que o planejado, em função de questões como as divergências sobre a localização dos centros de dados.

Há três meses, o trio por trás da Stargate anunciou planos para cinco novas estruturas nos estados do Texas, Novo México e Ohio. A projeção é de que, somados, esses data centers tenham uma capacidade de 7 gigawatts de energia.

Em paralelo a esses anúncios, a compra da DigitalBridge reforçaria substancialmente a presença do Softbank nesse espaço. Com sede nos Estados Unidos e fundada em 1991, ainda como Colony Capital, a companhia tem US$ 108 bilhões de ativos sob gestão e mais de 45 empresas sob o seu guarda-chuva.

Esse portfólio conta com empresas de data centers, fibra e torres como AIMS, AtlasEdge, DataBank, Switch, Vantage Data Centers, VerticalBridge e Yondr Group. E esse mapa abre espaço ainda para o mercado brasileiro.

Em 2019, a gestora fincou um pé no Brasil ao comprar a Highline, empresa de torres de celulares que pertencia ao Pátria. E, um ano depois, colocou o País definitivamente no seu roteiro ao adquirir a UD Tecnologia, data center do UOL.

O negócio foi estimado entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões. Essa operação foi rebatizada como Scala Data Centers e passou a ser a marca de data centers da gestora na América Latina. Hoje, a companhia tem 13 data centers em operação, distribuídos em quatro países da América Latina.

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