O mercado de criptomoedas enfrentou nova rodada de quedas nesta terça-feira, 17 de dezembro de 2025, com Bitcoin recuando para a faixa dos US$ 86-90 mil e a capitalização total do setor testando o suporte crítico de US$ 3 trilhões pela terceira vez em um mês. A queda reflete pressões macroeconômicas globais e indefinições sobre políticas de juros nos principais mercados.
O Bitcoin, que ainda acumula perdas significativas em 2025, recuou aproximadamente 4% nas últimas 24 horas, enquanto o Ethereum acompanhou o movimento de baixa. A queda foi impulsionada principalmente por dados do mercado de trabalho dos EUA mais fortes que o esperado, com a criação de 64 mil vagas em novembro — acima das 50 mil esperadas.
Esse resultado reduziu as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve em janeiro, fortalecendo o dólar americano e causando fuga de capitais de ativos de risco, incluindo criptomoedas. O movimento reflete a sensibilidade do mercado cripto a mudanças nas expectativas de política monetária global.
“Os mercados de criptomoedas continuaram em queda, com a capitalização total caindo abaixo de US$ 3 trilhões pela terceira vez em um mês”, conforme reportado pela CoinDesk. Analistas apontam que o Bitcoin caminha para seu quarto ano consecutivo de desempenho negativo em 2025, sinalizando perda de momento no curto prazo.
A pressão sobre criptomoedas não é isolada. Os mercados financeiros globais enfrentam alta volatilidade impulsionada por incertezas sobre juros elevados nos EUA e Brasil, além de tensões comerciais provocadas pelas políticas protecionistas do governo Trump.
No Brasil, a situação é particularmente desafiadora. O Ibovespa despencou 2,4%, fechando em 158.578 pontos, enquanto o dólar comercial subiu 0,73% para R$ 5,4624. A taxa Selic em 15% — a maior desde 2006 — encarece o crédito e pressiona o consumo e as empresas, afastando investidores da bolsa para aplicações em renda fixa.
A ata do Copom não sinalizou cortes de juros, afastando ainda mais investidores de ativos de risco. Simultaneamente, remessas de lucros estrangeiros agravam a pressão sobre o câmbio, criando um ambiente desafiador para investimentos em criptomoedas e outros ativos de risco.
As tensões geopolíticas adicionam camadas de complexidade ao cenário econômico. O bloqueio de petroleiros venezuelanos ordenado por Trump elevou riscos de interrupção no fornecimento global de petróleo, pressionando preços de energia. Simultaneamente, as tarifas protecionistas americanas visam restaurar a hegemonia econômica dos EUA, mas afetam cadeias de suprimentos globais e elevam custos de importação.
Para o Brasil, essas políticas comerciais podem significar uma aproximação maior com a China em negociações agressivas. Por outro lado, a aprovação do acordo Mercosul-UE no Conselho Europeu abre oportunidades para o agronegócio sul-americano, reduzindo barreiras tarifárias para setores como carne e soja.
Analistas acompanham de perto os próximos movimentos dos pares BTC/USD e ETH/USD em exchanges spot e derivativos para medir alavancagem e riscos de liquidações. Dados macroeconômicos futuros — como inflação e folha de pagamentos nos EUA — podem alterar significativamente as expectativas de juros e o apetite por risco.
A capitalização total do mercado cripto permanece em nível crítico, testando suportes importantes. Qualquer movimento adicional para baixo pode desencadear liquidações em cascata, amplificando as perdas. Por outro lado, sinais de estabilização econômica ou cortes de juros poderiam reverter o sentimento negativo.
O mercado de criptomoedas continua refém de fatores macroeconômicos globais, com Bitcoin testando níveis críticos de suporte. A indefinição sobre políticas de juros, tensões comerciais e pressões geopolíticas criam um ambiente de alta incerteza. Investidores e analistas aguardam próximos dados econômicos e comentários de bancos centrais que possam sinalizar uma mudança no cenário.
Enquanto isso, a capitalização total do setor permanece sob pressão, refletindo o apetite reduzido por ativos de risco em um ambiente de juros elevados e incerteza econômica global.
Fontes: CoinDesk, Estadão E-Investidor, TradingView, Cointelegraph, Agência Brasil, G1 Globo, CNN Brasil

